19.8.13

Rótulos são apenas rótulos


Logo no começo da minha adolescência eu entrei em depressão. Lembro-me que, apesar de dizerem que eu tinha depressão, em alguns momentos aquilo não parecia bastar para mim. Eu não estava apenas deprimida. Procurava na internet os sintomas e encontrava diversas possibilidades. Após anos e anos entre psiquiatras, psicólogos, crises e mais crises, um dia recebi o diagnóstico de que eu tinha Transtorno de Personalidade Borderline. Quando eu descobri o que era esse transtorno, eu comecei a me entender melhor. Conseguia ver quando era a Bruna agindo ou quando era a Bruna doente agindo. Isso me ajudou a chegar quase inteira até aqui.
Você vê, quando a gente desconhece algo, precisa logo rotular. Mas, logo depois que se rotula, você percebe que você é mais que um rótulo. Hoje eu sei que ser Borderline influencia em quem eu sou, mas a Bruna que faz algumas pessoas sorrirem, outras chorarem e outras sapatearem (#vemgente) é muito mais que isso. Eu sou muito mais que um rótulo. Você é muito mais que um rótulo. Ele pode te descrever, mas apenas em algum aspecto.
Contei tudo isso para falar sobre ser lésbica. Como vocês bem sabem, eu namoro um homem. Ele tem 30 anos e nós estamos juntos há mais de 3. Mesmo namorando uma pessoa cis do gênero masculino heterossexual, se eu precisasse me rotular, diria que sou lésbica. 95% das pessoas por quem sinto algum tipo de atração física/psicológica/romântica é do gênero feminino. O que explica eu namorar um homem? Amor. Amor sempre foi uma ótima explicação para o inexplicável, não é mesmo? E os sentimentos são assim, inexplicáveis, incontroláveis, indomáveis.
Rótulos são apenas rótulos, nunca se esqueça disso. O amor, o desejo, a paixão, nada disso foi feito para ser rotulado, foi feito para ser sentido.

Acho um pouco estranha essa ideia que as pessoas têm de que se nasceram gostando de morango elas sempre irão gostar de morango. Isso é uma coisa que, por mais que pareça muito óbvio em nossa cabeça e em nossa história, pode ser diferente no futuro. Acho que se permitir sentir é tão importante quanto se aceitar. Sou lésbica, sim, e namoro um homem. Meu coração, meu corpo, meus sentimentos, não são uma simples palavra. São muito mais que isso. Jump! 


Esse post é bem diferente do que o PEC costuma abrigar, mas é que ele faz parte de um Projeto bem bacana!